DOCE TARDE

Depois da sublime felicidade “a minha chegada” vem o ritual de se porem mais bonitas que a sua imaginação infinita alcança.
Caminhamos sem destino ou direcção, a essência, o destino, a direcção, somos nós. Num começo de uma tarde serena, contrasta e se ajusta em nós. Não há tempo, é bom esperar e, todo o espaço que pisamos é bom de o sentir!
Paramos em estações e apeadeiros; a vontade de cantar è um ritual obrigatório, ouvem-me com um silencio que se ouve, seus seres estão nas minhas palavras, que se misturam com a brisa. Cada palavra é sentida e, há um esboço dos seus lábios em pétalas de rosa púrpura um sorriso que lhes a floriam seus rostos. Quando seus nomes soam de minha boca na canção improvisada do momento, e para o momento. Pedem-me que cante mais, confesso que não sei cantar, mas é o coração que o faz! Também confesso que há momentos sem igual; e é delicioso. Ouvi-las cantar, ora uma, ora outra, alegram a doce tarde aonde tudo acontece.
Esquecemos o mundo que nos rodeia, somos três almas que vagueiam na doce tarde, que me faz sentar no verde! Na sombra da minha arvore, contemplo-as, entre risos de criança, apanham flores silvestres. Olham para mim, correm em minha direcção, entre risos mostram-me o que apanharam para que eu as admire, uma delas diz é para ti pai, esta! Enquanto a outra olha para as suas e, escolhe a que lhe parece mais bela, com os olhos mais belos do mundo me entrega a sua.
Trepam por mim como se eu fosse uma arvore, com beijos surpresa dizem o quanto me amam, já exaustas sentam-se na minha sombra e, em mim. A brisa verde traz-nos de presente um perfume, fresco e selvagem, que suaviza o momento, sentada ao nosso lado também ela a paz se refresca.
Seus pequenos dedos apontam para o por do sol, magnifico, lindo de morrer, sem igual… uma obra de arte, em céu aberto, chamas doces e brandas em tons rubros, rasgos de rosa em tons pastel.
Caminhamos de regresso, para trás vai ficando a doce tarde, mas ainda há tempo para brincar nas escadas do aconchego. Perguntas surgem a todo e a qualquer momento, olham para mim como eu fosse a fonte da sabedoria! Quando não sei, digo-lhes que também não sei!
Sentadas, agarradas em meu corpo, adormecem em mim. Seus olhos meios fechados, abrem-se para mim e se fecham, talvez para sentirem de que tudo não é um sonho apenas, enquanto caminham para o seu sono feliz. Com todo cuidado do mundo em meus braços as levei, para o aconchego de suas camas.
Paralisado por aqueles dois milagres, eu as contemplava. Com um esboço de um sorriso em seus lábios de pétalas rosa, que floreavam suas almas; suspendendo quase a respiração e um cuidado nunca visto, as beijei, suas faces rubras meus lábios sentiram o doce paladar de suas almas, em minha boca ficaram.
Minhas mãos sentiram seus cabelos selvagens e inocentes. Meu olhar encharcado, ficou um pouco mais, a contemplar aqueles dois pequenos milagres! Depois de uma doce tarde, de primavera.

CARLOS FERRER
12/6/08
FILHOS DO VENTO

A poesia está na rua, nos montes, vales e rios!
Nós filhos do vento somos poesia. Filhos do mundo em peregrinação, em toda a nossa existência. O sangue nómada que nos corre nas veias, em estradas e caminhos soam as nossas canções.
Sonhos nos alimentam a alma, em lutas destemidas perdem-se no tempo. Condenados pelo homem, iluminados por deus.
Parece já não pesar tanto, de tanto carregar a descriminação, indiferença, de séculos em séculos. Em batalhas cansadas, aqui estamos!
Graças á nossa natureza, de almas simples e temperadas pelas mãos de deus.
Na noite sem fantasmas, alegria se mistura com vento cristal, alegre e doce. Enlaces de ternura, a lua companheira os ilumina. Pensamentos que o luar mostra.
A chama de uma fogueira cheia de histórias, de tons rubros, nos inspira a beber água das nascentes vivas e secretas.
Abraçamos a noite! O som de uma viola nos inspira em soleares, tangos, seguerilhas… vozes de peito de peito aberto que a brisa escura leva e, encanta a noite serena e limpa.
Nos campos cobertos de flores silvestres são a nossa casa, o nosso aconchego, que sabe a ramos verdes e, o aroma da terra nos entra pela manha. Nosso jardim não tem começo, nem distancia, nasce em nós e se estende aonde quer haja natureza, simples e selvagem, como nossas almas.
Assim como a natureza, renascemos do nada, anónimos e o orgulho de sermos. Suas baladas correm junto com o vento, se a poesia está nas ruas, montes, vales e rios… nós filhos do vento, somos poema e música.

CARLOS FERRER
10/6/08 Coimbra