É acreditando e desacreditando que vou
Tendo a esperança, é ela que nunca me deixa completamente às escuras.
Há sempre uma Luz por mais pequena que seja.
Essa força que está dentro de nós, por mais pequena que seja, ela existe, e cada dia que passa é uma Dor, aonde não há nada que me faça acalmar, como um dia que começa melancólico, que é o estado da minha alma.
Mesmo recordando algo Bom, traz-me sempre dor. Há nessas recordações lugares, tempos, cheiros, pessoas, em que eu sinto saudades ou desprezo.
Há sempre um “ai” profundo, vindo de dentro da minha alma, desassossegada, que só sossega quando alcançar o que entra diariamente na minha mente.
Quase não existo, e tudo à minha volta me faz lembrar que não existo.
Voltarei a sentir quando sentir as suas mãos nas minhas.
Voltarei a sorrir quando seus sorrisos verdadeiros e crus rirem sem razão, que me contagiará e me fará sorrir com olhos de água.
Voltarei a adormecer quando eles fecharem os seus olhos em mim, no aconchego do meu colo, como um dia de chuva, aonde as gotas, descem pelo vidro da minha janela, serão pura poesia para os meus olhos, a poesia que está em mim.

Carlos Ferrer
10 de Abril de 2007

Esta Manhã

Esta Manhã
Pela minha inocência e lealdade por vezes a minha pessoa seja gozada, finjo que de nada sei para proteger quem amo, farei as vezes que forem precisas, pois o amor a cima esta.
Ao acordar a luz do dia me trás a verdade nua e crua ela nos entra na alma sem desvios, uma evasão de verdade nada que eu já não soubesse!
Mas esta manhã é outra manhã, irá dignificar-me deixar de ser uma peça de jogo, para ser o homem, o pai e a criança.
Carlos Ferrer
19/2/08

O Caminho

O Caminho
Cada dia é como se atravessa-se um deserto, caminho com a certeza de lá chegar, o caminho será a minha cruz, a cruz que terei de levar.
Com paixão e padecimento lá chegarei! Se há história, ela está no caminho. A chegada é apenas o fim dela.
Carlos Ferrer
19/2/08

Ser Poeta

Não sou perfeito, nem queria sê-lo.
Quero apenas se humano, com as suas fraquezas e bens.
O que eu faço com a escrita é como se pintasse um quadro abstracto, é o que eu sinto.
Ser poeta é fugir à lógica, poesia com lógica não será poesia seguramente, é ser selvagem como um ribeiro, calmo e sereno e subitamente com turbulência que se ouve o som natural da água na sua peregrinação, é ser tudo, sol, chuva, sorrir, chorar, um mundo de emoções que vivemos literalmente como se lá estivéssemos no alto de uma montanha, vestimos a pele de um mendigo, somos Tudo e Nada somos.
Saboreamos as palavras, brincamos com elas, tudo sabemos para no fim dizermos que sofremos como os outros. Há uma dose de Humildade que me faz sentir orgulho, além de ser uma qualidade, faz com que nos sintamos mais Humanos e nada queremos com a violência, no entanto somos revolucionários, sentimos e olhamos de uma maneira que não é comum, por isso talvez sofremos com mais profundidade do que os demais. Olhamos com os olhos de ver e sentimos até ao fundo da nossa alma.
Como quem não vê não sente, longe da vista longe do coração, mas para mim tudo vejo, não há longe nem distancia, estou a onde me leva o pensamento que tudo percorre.
Ser poeta é ser livre, é ser criança, chorarmos por quem não conhecemos, ama-mos quem nunca vimos.
Tenho que sentir o que escrevo e ao sentir sou capaz de sorrir, deixar cair uma lágrima, ser poeta é ser tudo e nada ser.

Carlos Ferrer 12 de Dezembro de 07

Minha menina

Menina serena, rebelde, sua idade e ar de menina esconde a mulher que há em si.
Seu rosto exótico com um olhar profundo lhe dá um ar de mistério, não é só mais uma cara a mais!
Momentos, estados de espírito que há dentro dela revela a mulher doce e rebelde que há nela. Aquela mulher que está escondida, pois ainda é uma adolescente, mas em momentos especiais, situações, mostram um pouco da mulher que se esconde, sua mentalidade amadurecida, deixa escapar já um pouco da mulher que há-de vir a ser.
Emerge outro ser mais profundo, mais mulher, deixa por alguns instantes o lado de menina que é e se refugia na mulher que há em si.
Vai ao mais fundo do seu ser, que lhe dá aquele ar exótico, misterioso, que faz parte da sua beleza.
Que a vaidade não ultrapasse a humildade, se assim acontecer deixarás de ter a tua magia, não passarás de uma coisa fútil, como tantas outras.
Não deixes fugir a tua magia que cresce junto com a tua alma. Ela esta no teu andar, dás graça ao caminho em que pisas, vieste para encantar. Não serás tu o próprio encanto?
Ao pé de ti não há tempo é bom esperar, olhar e sorrir, apenas queremos que os momentos não passem, mas passa no tempo, em nós ficam eternamente guardados.

Carlos Ferrer
7 de Fevereiro de 2008

Dança pela Tolerância

Quando soube que iria haver uma festa, para a qual também fui convidado, para mim era mais uma com crianças e adolescentes e não fazia ideia de como iria ser.
Em todas as festas e eventos que já participei, esta superou todas as minhas expectativas, a começar pela forma como foi organizada, os meus parabéns.
Ao chegar ao local, ou seja, à Escola Alice Gouveia, para minha surpresa, um pouco depois de entrar para lá das portas, para espanto dos meus olhos estava o Sr. Presidente da Câmara, o Sr. Vereador Gouveia Monteiro e o Sr. Director da Escola, foram cordialmente simpáticos e deram a sua atenção que qualquer ser Humano merece, para comigo e outros.
Começou aí as surpresas… um mar de gente de todas as etnias, credos e cor, que me fez lembrar um campo aberto na primavera cheio de flores, cada uma com o seu feitio.
Desde o negro ao branco, do cigano as outras etnias que dava uma cor exótica no local, não havia divisões. Ver todo aquele colorido de gente talvez fosse uma das visões mais bonitas que tenha visto na minha vida! Vagueavam por todo o lado.
Um som de uma guitarra ouvia-se nos corredores e logo a dois passos uns jovens de cor riam e dançavam, enquanto outros ensaiavam, qualquer espaço servia, nos corredores, nos cantos, até numa das casas serviu por momentos para afinar os últimos toques. Ninguém queria fazer má figura. Os seus rostos transbordavam de alegria e satisfação desde o mais pequeno ser aos adolescentes e adultos… um festival de cor e caras exóticas, todos eles brilhavam, não havia receio de mostrar as suas emoções, respirava-se alegria em todos os tons.
Conflitos ou maus momentos não!
Não tinham receio de mostrar o que sentiam, de onde vinham, as suas origens, a sua cor, pelo contrário, tinham o prazer de ser como eram e respirava-se alegria em todos os tons. Ali estava a verdadeira democracia colorida.
Entrei na sala da dança cigana onde estava também o Sr. Vereador Gouveia Monteiro, notei numa menina de cor com 7/8 anos que estava sentada enquanto se dançava. Dirigi-me a ela, tentei que ela fosse dançar e por fim lá foi. Era a sua primeira vez que dançava flamengo, quem a visse não diria, tinha um filing e uma graça natural, vestia uma camisola branca, tão branca que cegava, com suas tranças.
Já pelo fim todos mostravam o que tinham aprendido naquele dia.
Quando aquele pequeno anjo entrou para o meio da roda ouviu-se o maior aplauso do dia e o maior apoio, pôs toda a gente a dançar, certamente não vai esquecer aquele momento, eu também não o esquecerei.
Num ambiente onde a tolerância era rainha, imperou e reinou até ao fim, ali era um mundo a parte, um verdadeiro conto de fadas só que neste não havia os maus, todos eram estrelas.
Parabéns para quem fez e organizou esta Dança, para que fosse possível este conto de fadas.

Carlos Ferrer
25 de Novembro de 2007