O Caminho

Cada dia é como se atravessa-se um deserto, caminho com a certeza de lá chegar, o caminho será a minha cruz, a cruz que terei de levar.
Com paixão e padecimento lá chegarei! Se há história, ela está no caminho. A chegada é apenas o fim dela.
Carlos Ferrer
19/2/08

CRONICAS D” UM ZINGARO 4

Gestos de ternura, em que o simples caminhar dá gosto.
O esperar não desespera, todo o tempo é bom, cada momento é único, pensar neles como tal.
Quem nos dera que o tempo anda-se mais devagar!
Já a tarde finda, a luz que ilumina o rosto moreno que o enaltece.
Ficamos presos na amizade; senti que podia expressar-me ao meu jeito.
Sem atalhos, ou curvas, contra curvas… fui directo. Seu jeito, e esse olhar infinito que me deu a coragem de o ser. Sem medo de não ser compreendido, de parecer estranho… assim como em outras situações que as pessoas que me escutavam, observavam, eram totalmente absurdas, encharcadas de confusão.
O ser simples e directo, ter a simpatia como companheira, é complicado para mentes limitadas, com ideias feitas antes de serem gente!
É complicado ser-se humilde, mostrar a alma limpa. A simplicidade se torna complicado, compreendem melhor e aceitam com mais naturalidade, histórias de vidas complicadas, sendo verdade ou não!
Não interessa muito desde que seja bem contadas, com algum enredo de suspançe.
As tornam-se vendedoras de historias, assim se cativa, há mais atenção, e admiração. Dizer algo humilde torna-se maçador, desconfiam do que seja verdade, porque a verdade é só uma, por vezes não é o suficiente para prender a atenção! Incrível não acham?
Se alguém querer, ou pretender ajuda, há que contar, vender, uma historia, há que haver imaginação, a verdade é tão chata!
Caminhamos para o abismo literalmente.
O crime compensa? Sem comentários.
Pessoas ditas de “bem” estão podres; presidentes de CAMARA, de bancos, quanto mais importante é o cargo ou a responsabilidade, maiores são os desfalques, burlas, abuso de poder, falsificação de todo tipo de documentação … e no entanto sorriem para as câmaras de televisão.
Sacrificam um para inglês ver, o resto andam de carro com motorista, gastam rios de dinheiro, gozam literalmente com a justiça, compra-ma, vendem-na, e o povo adora-os.
Quantos mais processos tiverem maiores são as probabilidades de se candidatarem a um lugar de honra e ganhar.
Os factos falam por si; fugidos á justiça, passam por lugares paradisíacos, depois de bem bronzeados, voltam, a justiça nada faz, e o povo estende-lhes uma passadeira vermelha para que possam passar, ganham eleições, é caso para dizer o crime compensa!
O Zé povinho enaltecem pessoas que roubam, falando português. A pessoas que roubam milhões ao pobre cidadão são bajulados com risos patéticos. Mas se no caso uma pessoa cigana faz uma ilegalidade é um deus nos acusa, a justiça nunca foi igual para todos, desde que o tempo é tempo, não era agora que a justiça ia deixar os ladrões de colarinho branco, para enveredar pelos ladrões de pés descalços, não era rentável para a justiça.
Já não somos um canto do paraíso á beira mar, entra-mos na Europa evoluída, na internalização, mas como não há bela sem se não, a nossa dignidade foi-se. Os valores, a consciência das pessoas não olham a meios para os seus fins.
Nas famílias , a perda de amor dos país pelos filhos, e vice-versa, o sentimento de família se vai perdendo, os conflitos que cressem como ervas daninhas, por tudo quanto é sitio.
A base do bem estar que é a família, se extinguirá, na falta de dignidade, princípios, compaixão… na falta destes sentimentos que nos vão assegurando a nossa racionalidade, distinguindo o bem do mal.
De nada nos vale sermos racionais se não estiver virada para o bem, indo usa-la para fins maléficos, para a auto-destruição… violência, gera violência…um mundo de paz, igualdade, sem guerras… é pura utopia.
Nunca haverá paz no mundo, nem que seja por um milésimo de segundo.
Há que aproveitar os bons momentos, breves e eternos, breves porque passam, eternos porque se alojam em nossas almas e é bom recorda-los.
Não vamos chorar de barriga cheia! Ponham os vossos olhos no que vos rodeia. Enquanto você toma três banhos num dia, faz sacrifício para fazer dieta, há quem morra de fome e de sede. É isso estamos numa balança totalmente desequilibrada, e viciada…
O mundo é uma mente em desequilíbrio, em queda livre.
E toda esta escrita, ou pensamentos, começou por uma simples crónica de justiça social, o que meus olhos vêm, o que meu coração sente. Dei a volta ao meu bairro, ao meu país, ao mundo, e estou de volta. É esta capacidade que admiro, a quem escreve, pegar na imaginação e usa-la para encantar a vida.