ADORMEÇO CONTIGO

Já o dizem que és a minha alegria, e a luz do meu dia!
Ver-te crescer, ensinar-te, e aprender contigo, para mim tudo seria.
Quando a noite se veste de luto, escura e fria, te deitas ao meu lado
para que eu não fique só. Um pouco do teu calor e a tua alegria, aliviam a minha solidão.
Ouço a tua voz cantando para mim!
Um arrepio sobe pelo meu corpo, e uma lágrima desce,
leva com ela toda a saudade, e o sabor a mar.
Já o dizem que és minha alegria, e a luz do meu dia!
Ah meu Deus, se tu aqui estivesses! Se tu aqui estivesses certamente sorrias para mim com um
abraço, e os teus olhos brilhavam mais do que um rio cor de prata, ao luar.
Recordar-te é como uma canção de embalar, e ao adormecer sinto o teu beijo.
Prometo-te em voz baixa, que te vou buscar. E adormeço contigo nos meus braços.

Carlos Ferrer

Uma Noite de Insónia

Como uma aparição vejo-a constantemente, de todas as formas e estados emocionais!
Aí, percebo que amar é Recordar, pensar, sonhar alegremente e tristemente.
Espero eternamente pela manhã, que ela me traga um milagre, qualquer que seja ele, mas que me tire da angústia e do sofrimento.
Calmamente surge o amanhecer, e com ele o primeiro milagre – O Nascer do Sol –.
O frio se despede do meu corpo descomposto sobre a cama totalmente desarmada, sinto o calor não do sol que atravessa a pequena janela do solitário quarto, mas da sombra que cai sobre mim!
Eis o que ansiava! Não sei se é real ou delírio meu. Seu movimento vem sobre mim e me beija. O calor dos seus lábios húmidos me dão o alívio, e o descanso de pensar! Adormeço depois em seu corpo aconchegado.
 
Carlos Ferrer.

Quadro

Quadro de Carlos Ferrer


TANGOS AO LUAR
O quadro que eu criei, a que lhe dei o nome
TANGOS AO LUAR, representa a minha infância.
Quando de noite em volta de uma fogueira
ouvíamos histórias contadas pelos mais velhos.
E quase sempre depois pegávamos numa viola, tudo
isto iluminado pela luz da lua e de uma fogueira,
que nos aquecia a voz e a alma.
Todas estas coisas eram uma rotina quase diária,
hoje são apenas lembranças. O romantismo cigano
quase desapareceu, substituído pela coca-cola e as
batatas fritas. Fomos atrás da sociedade falsa e
hipócrita, e acabamos por ficar iguais.
O mistério, e o encanto, a alegria e a tristeza que
nos distinguia já pouco sobra.

Na minha Vida

Olha, que eu hoje me sinto um pouco triste. Passou-me a vida pela memória, sorri, mesmo nas situações em que não era para tal. Senti desespero, raiva, compaixão, solidão, e uma futura alegria. Obtive as respostas que eu procurava há muito, ou talvez não as quisesse saber! O que é certo, é que junto com elas veio a dor e depois o alívio. Como alguém que se confessa a si próprio. Dizem que tenho um ar um pouco triste. Triste sou desde aquele dia! Na minha vida, nunca houve um abraço como o teu, e só houve um olhar como o teu, para nunca mais o esquecer. Ah estes meus filhos que enchem todo o meu ego, o orgulho de pensar que eles existem. E por momentos sou feliz! Valem mais do que todo o sol, todas as estrelas, e a lua inteira. Se não fossem eles certamente parava de sonhar, a vida não tinha cor, e tudo era monótono. Ah esta minha menina toda ela é poema, a água que dá o alívio á minha sede… Transporta dentro dela toda a paz, toda a alegria, e toda a beleza da nossa espécie. Cheguei numa manhã, chamei pelo teu nome mesmo ali no meio da rua, ouvistes, fechastes os teus olhos, e sorristes, como se ali tivesse entrado todo o sol pela magia da minha voz. Se o tempo volta-se atrás, escolheria a mesma sorte, como se só essa existisse. 06/05/13 CARLOS FERRER

Menina dos olhos tristes

Te chamaram de esperança, ainda no ventre da tua mãe. Alguém disse que serias a minha esperança. Essas proféticas palavras se revelaram dia apos dia, eu a carne tu a alma. Menina dos olhos tristes, um olhar mortal, tão natural como a brisa que sinto neste momento. Teu olhar de compaixão me faz lembrar cristo. Cedo começaste amar, cedo sentiste a dor, cedo compreendeste o que não faz sentido! travas as tuas lagrimas em momentos de desespero, como é grande a tua alma, teu saber, e em silêncio sem que ninguém te veja choras, não por seres uma criança, mas por saudade, dor, e amor. tua beleza angelica e selvagem faz parar quem passa, teus cabelos são ondas do mar, num vai e vem sereno, teus olhos o entardecer, tua boca o desejo de a beijar, teu nome poema. menina dos olhos tristes, um dia serás mulher, e o teu corpo ao escolhido o entregarás e amarás esse teu amor, mas nunca te esqueças deste teu grande amor. CARLOS FERRER 20/ 5/ 10.

O Clik

Esta sensação de estar a perder tempo com nada. A angustia de não achar um meio de sair deste ciclo vicioso e inútil, faz de mim uma pessoa uma pessoa pouco amargurada. saber que podia estar minimamente confortável no equilíbrio da vida. e não estar por mil e uma razões. o facto é que o tempo passa, e sinto que estou a perder as coisas que sempre quis e desejei. Estou certo, mais do que nunca que não vou ter ninguém que diga a palavra mágica de quem precisa de ajuda. O meu mundo das maravilhas, um dia vai ter um fim,( as viagens, as meninas, momentos que me fazem sentido…) o trio mágico, a nossa cumplicidade, e o seu amor incondicional que têm por mim, me alimenta o sonho de um dia ter uma vida simples e” normal”. se não fossem elas sinceramente não tinha ninguém a quem me dar e receber. O resto da família é uma farsa, hipocrisia, cinismo… a onde vão do 8 ao 80 em frações de segundos. A vida deles, e de outros, não passa de uma peça de teatro muito mal escrita, um fiasco tal como as suas vidas. Mas que se encaixa perfeitamente neste sistema de coisas. Aonde a dignidade humana se perde. E a aparência é tudo. A podridão coberta por lentejoulas por uma noite. Abraços e beijos que não sentem. Pouses ensaiadas de véspera, conversas decoradas, ali, nada é espontâneo ou verdadeiro. Que me faz muitas vezes sair daquele lugar, pouco depois de começar. Com uma desculpa esfarrapada, o mais pressa que possa para que não vomite ali mesmo. A única coisa verdadeira eram as crianças. CARLOS FERRER 20/5/13

Perdão

Se algum dia beijar a tua alma! Será o meu maior pecado. O perdão não o quero, deixa-me sem perdão. O meu perdão seria ficar sem ti. Não, não, quero ser perdoado. Seria ficar doente, num espaço vazio, dentro de mim. Em vão, em espera eterna. CARLOS FERRER 21/5/13

Poesia

Criar um poema, é criar arte! Criar poesia, será mais um passo para a liberdade! Se uma imagem vale mil palavras, um poema vale todas as palavras e imagens. Se há liberdade, certamente ela está na poesia, ela se encontra em qualquer lado, cabe a nós mostrar o que está obviamente á vista de todos. A poesia será o lado abstracto da literatura. Por assim o ser, ler ou compreender a mensagem da poesia não estará ao alcance de todos. No entanto a mais bela poesia, será a mais simples! Basta que nos deixamos levar pelos sentidos, sem que haja fronteiras na imaginação, não haver medo de sentir……. Nunca sei a palavra seguinte, de como irá acabar a frase, o paragrafo, e muito menos quando ele acaba (o poema). As palavras são improvisadas no momento, e para o momento, como irá acabar a frase, nunca o sabemos, sempre imprevista, o fim da poesia, simplesmente o sentimos. Começa-se sem saber onde vamos parar, tudo corre sobre a inspiração, não há definições, preconceitos… dependemos principalmente dela ( inspiração) Sem ela o poeta não sabe escrever! Um dom que nasce com o ser, assim que entra na luz deste mundo. Cresce, alimenta-se, mas não é coisa que se possa ensinar! Ou se tem, ou não se tem. Há fome de escrita, uma necessidade espiritual que nos completa e serena. Com meia dúzia de palavras se pode criar algo único, dar luz aos pensamentos… ser poeta é ver mais longe, (sinta quem lê) Carlos Ferrer 20/12/08/ Coimbra.

Sentir o Pai

A tua humildade é mais bonita do que a tua voz! A mim escolheste, não faço ideia o porquê!? Sei que o teu coração é verdadeiro, herdaste do meu sangue, o que eu herdei do teu Avô. A humildade, a sensibilidade, o que te torna único, em tua maneira de ser, estar, e de cantar. Sentes o que a tua voz diz! Quando a soltas, quem não ficar inundado de paz, certamente não é gente! Tenho medo, por existires, medo que não tenhas a sorte que mereces, medo porque a vida me ensinou, que pessoas como tu, não têm sorte na vida! Neste mundo infelizmente é preciso ser-se, egoísta, arrogante, e a consciência está em vias de extinção. Tu nada disto tens, por isso te amo e receio. Seria um desgosto para mim, e para quem te quer bem, se te tornasses noutro ser, que não o teu! És o filho que todo o pai quer, o amigo, colega, confesso-me a ti, ouvir-te, caminhar… tudo isso o fazemos sem razão. Tua maneira de ser tem magia, encantas não só quem te ouve, mas também quem te olha e sente. A riqueza que trazes contigo, desde que vieste ao mundo vai crescendo, e se acumula a cada dia que passa. Nunca me tinhas dado um beijo ou um abraço, a não ser em criança. Até ao dia em que fizeste os teus dezasseis anos de idade. Já o dia se despedia, quando senti baterem á minha porta repetidamente, uma voz dizia com alguma ansiedade e euforia (Pai, pai, sou eu!), abri a porta, e ali estava ele mais três colegas que com ele andavam a festejar o seu dia de anos. Sua inocência se mostrou dizendo, (parabéns pai! Enquanto me dava a sua mão, (Faço anos!) Dirigindo-se a mim timidamente, ainda hoje estou para me lembrar de como começaste a abraçar-me e me beijavas repetidamente. Uma euforia, uma fome que qualquer espaço do meu corpo era aproveitado para me beijar! De uma maneira literalmente cega, enquanto me confessavas o quanto me querias, repetidamente. Dos teus olhos corriam lágrimas e mais lágrimas, até soluçares como uma criança que eras. Eu te retribuía os beijos, os abraços, as lágrimas… Teus amigos se deliciavam com que seus olhos viam, um quadro real e angélico, sem preço, sem igual. Percebi que o amor não se compra ou se vende. Apenas se sente! Um quadro que perdurará para todo o sempre, a que lhe dei o nome, (Sentir o Pai) Carlos Ferrer 26/11/08. Coimbra.

Santiago

O silencio desperta sem pressa, quando a tarde finda num breve adeus colorido. Neste espaço de sentimentos, os murros estão para alem do horizonte, meu olhar parado e o pensamento corre junto com o vento. Abrem-se mãos e fecham-se umas nas outras, um circulo mágico se funde num abraço. Carlos Ferrer 29-07-2010

O meu altar

O meu altar, não tem ninguém! Meu altar, nada tem! Quando te levaram, eu, já nem sei!! Não, nada tenho, a não ser o teu altar despido, e Um passado que já não vem. Ah, as saudades eram tantas, que chorei, chorei acompanhado da fria solidão, olhando o nada. Olhei teu altar que nada tem! Para te ver tenho que sonhar novamente. Nem que seja eternamente! Carlos Ferrer 9/5/10.

Compulsivamente

O sol bate na rua, a rua sorri, Só meu coração na sombra se encontra. Olhei-te pela primeira vez, Escravo fiquei sem saber porquê, Deixei de ser livre! Sempre me tens, basta o teu querer, Para depois me deixares como um brinquedo! Não te peço para ficar, Pois seria em vão o meu suplicar, E a dor que há no teu não. Dor eterna que sinto ao acordar, Ao ver teu espaço vazio. Este amor que não escolhi, Mas que entra pela alma a dentro. Como se fosse o meu “destino”, Entro pela tua rua a dentro fitando a tua janela, Meu olhar pregado nela, Na esperança de poder ver, Esperança que acaba no fim da tua rua. Aí juro, que jamais caminharei na tua direção! Mas quando me desejas! A hora, o dia, seja onde quer que seja, Vou, vou compulsivamente junto a ti. Mesmo sabendo que vou ficar só mais uma vez! Mesmo sabendo que vou acabar só, igual a um brinquedo! Carlos Ferrer 07 de Março de 2010