O teu silêncio

Vem, assenta-te ao meu lado, beija-me devagar para que saboreie o doce dos teus lábios.
O bem que passa por mim, se desfaz, ao sentir a tua ausência. Os bons momentos lembrados, são alegria e depois tristeza. A tua presença é a sombra de tudo, o teu sorrir, o caminhar, as palavras e, esse olhar que me mata.
Vem meu amor! Vem e senta-te ao meu lado, para que eu sinta o teu corpo em chamas brandas e doces, que me aquecem quando o frio acontece.
Vem, e traz a tua paz, que ela descanse também entre nós. Espera pela brisa que virá em nosso alívio.
Áh que saudades tenho eu! De apanhar e acariciar teus cabelos soltos, arrastados pelo vento dando-te uma beleza angélica e selvagem.
Vem, diz-me com o teu silêncio o quanto me queres, desarma-me com a tua magia para que seja eu, sem atalhos ou labirintos procurar-te, encontrar-te no teu ser de criança.
Não tenhas medo de ser livre, para quando eu estiver só sentar-te ao meu lado, sem olhares para trás.

CARLOS FERRER
10/7/08 Coimbra

Ser Criança

Quando a alegria cai sobre mim, não sou mais que uma criança.
Gentia, selvagem, solto… ser criança é ser eterno.
Nada procuro, limito-me a olhar o que há de belo nos campos silvestres, no vasto céu, a paisagem inconstante…
Não perco tempo em saber o porquê das coisas que vejo ou sinto.
Limito-me a saborear a beleza das coisas, sentindo-as profundamente, o calor, o vento, a chuva…
Tudo isso me leva o tédio, a vida repetitiva…
Não penso, porque estou distraído, estar distraído é estar ausente, estar ausente pode ser tudo!
Como é bom quando a paz cai sobre as minhas escadas, onde me assento e descanso depois das viagens sonhadas.
Quando assim é, não sou mais que uma criança que brinca á porta de casa.

Carlos Ferrer
Coimbra 14/9/9

Por quem os dobram os sinos

Por quem dobram os sinos?
Foi ele que ao pó voltou.
Na tarde calma e serena todos o ouvem menos eu, é por mim que
Eles dobram, nem a minha alma o sente tambem já partiu.
Meu olhar parado faz lembrar minha infância, quem me chora?
Quem me amou de verdade.
Talvez diga agora o que nunca disse!
Talvez me ouçam agora!
Por quem dobrão eles?
Talvez terei direito a música quando não a poder ouvir, terei a paz que procurei em toda a minha existência, serei grande e indiferente…
E riem não por graça mas porque parece mal não rir, por favor deixem-me só com quem me amou, curiosos, bêbados, abutres.
Vaiam-se, não façam de mim santo, o bom rapaz, nada quero deles, quero quem me amou.
Terei um ar aconchegado, um esboço de quem sorri, com quem pede a Deus que me deixe descansar nos seus braços.
Nessa tarde serena os sinos se ouvem mais longe do que o habitual, soando no coração de alguém. Alguém que me leia um poema na hora da partida, para que depois a brisa me levasse.

Carlos Ferrer
29 de Novembro de 07