O Caminho

Cada dia é como se atravessa-se um deserto, caminho com a certeza de lá chegar, o caminho será a minha cruz, a cruz que terei de levar.
Com paixão e padecimento lá chegarei! Se há história, ela está no caminho. A chegada é apenas o fim dela.
Carlos Ferrer
19/2/08

CRONICAS D” UM ZINGARO 4

Gestos de ternura, em que o simples caminhar dá gosto.
O esperar não desespera, todo o tempo é bom, cada momento é único, pensar neles como tal.
Quem nos dera que o tempo anda-se mais devagar!
Já a tarde finda, a luz que ilumina o rosto moreno que o enaltece.
Ficamos presos na amizade; senti que podia expressar-me ao meu jeito.
Sem atalhos, ou curvas, contra curvas… fui directo. Seu jeito, e esse olhar infinito que me deu a coragem de o ser. Sem medo de não ser compreendido, de parecer estranho… assim como em outras situações que as pessoas que me escutavam, observavam, eram totalmente absurdas, encharcadas de confusão.
O ser simples e directo, ter a simpatia como companheira, é complicado para mentes limitadas, com ideias feitas antes de serem gente!
É complicado ser-se humilde, mostrar a alma limpa. A simplicidade se torna complicado, compreendem melhor e aceitam com mais naturalidade, histórias de vidas complicadas, sendo verdade ou não!
Não interessa muito desde que seja bem contadas, com algum enredo de suspançe.
As tornam-se vendedoras de historias, assim se cativa, há mais atenção, e admiração. Dizer algo humilde torna-se maçador, desconfiam do que seja verdade, porque a verdade é só uma, por vezes não é o suficiente para prender a atenção! Incrível não acham?
Se alguém querer, ou pretender ajuda, há que contar, vender, uma historia, há que haver imaginação, a verdade é tão chata!
Caminhamos para o abismo literalmente.
O crime compensa? Sem comentários.
Pessoas ditas de “bem” estão podres; presidentes de CAMARA, de bancos, quanto mais importante é o cargo ou a responsabilidade, maiores são os desfalques, burlas, abuso de poder, falsificação de todo tipo de documentação … e no entanto sorriem para as câmaras de televisão.
Sacrificam um para inglês ver, o resto andam de carro com motorista, gastam rios de dinheiro, gozam literalmente com a justiça, compra-ma, vendem-na, e o povo adora-os.
Quantos mais processos tiverem maiores são as probabilidades de se candidatarem a um lugar de honra e ganhar.
Os factos falam por si; fugidos á justiça, passam por lugares paradisíacos, depois de bem bronzeados, voltam, a justiça nada faz, e o povo estende-lhes uma passadeira vermelha para que possam passar, ganham eleições, é caso para dizer o crime compensa!
O Zé povinho enaltecem pessoas que roubam, falando português. A pessoas que roubam milhões ao pobre cidadão são bajulados com risos patéticos. Mas se no caso uma pessoa cigana faz uma ilegalidade é um deus nos acusa, a justiça nunca foi igual para todos, desde que o tempo é tempo, não era agora que a justiça ia deixar os ladrões de colarinho branco, para enveredar pelos ladrões de pés descalços, não era rentável para a justiça.
Já não somos um canto do paraíso á beira mar, entra-mos na Europa evoluída, na internalização, mas como não há bela sem se não, a nossa dignidade foi-se. Os valores, a consciência das pessoas não olham a meios para os seus fins.
Nas famílias , a perda de amor dos país pelos filhos, e vice-versa, o sentimento de família se vai perdendo, os conflitos que cressem como ervas daninhas, por tudo quanto é sitio.
A base do bem estar que é a família, se extinguirá, na falta de dignidade, princípios, compaixão… na falta destes sentimentos que nos vão assegurando a nossa racionalidade, distinguindo o bem do mal.
De nada nos vale sermos racionais se não estiver virada para o bem, indo usa-la para fins maléficos, para a auto-destruição… violência, gera violência…um mundo de paz, igualdade, sem guerras… é pura utopia.
Nunca haverá paz no mundo, nem que seja por um milésimo de segundo.
Há que aproveitar os bons momentos, breves e eternos, breves porque passam, eternos porque se alojam em nossas almas e é bom recorda-los.
Não vamos chorar de barriga cheia! Ponham os vossos olhos no que vos rodeia. Enquanto você toma três banhos num dia, faz sacrifício para fazer dieta, há quem morra de fome e de sede. É isso estamos numa balança totalmente desequilibrada, e viciada…
O mundo é uma mente em desequilíbrio, em queda livre.
E toda esta escrita, ou pensamentos, começou por uma simples crónica de justiça social, o que meus olhos vêm, o que meu coração sente. Dei a volta ao meu bairro, ao meu país, ao mundo, e estou de volta. É esta capacidade que admiro, a quem escreve, pegar na imaginação e usa-la para encantar a vida.
DOCE TARDE

Depois da sublime felicidade “a minha chegada” vem o ritual de se porem mais bonitas que a sua imaginação infinita alcança.
Caminhamos sem destino ou direcção, a essência, o destino, a direcção, somos nós. Num começo de uma tarde serena, contrasta e se ajusta em nós. Não há tempo, é bom esperar e, todo o espaço que pisamos é bom de o sentir!
Paramos em estações e apeadeiros; a vontade de cantar è um ritual obrigatório, ouvem-me com um silencio que se ouve, seus seres estão nas minhas palavras, que se misturam com a brisa. Cada palavra é sentida e, há um esboço dos seus lábios em pétalas de rosa púrpura um sorriso que lhes a floriam seus rostos. Quando seus nomes soam de minha boca na canção improvisada do momento, e para o momento. Pedem-me que cante mais, confesso que não sei cantar, mas é o coração que o faz! Também confesso que há momentos sem igual; e é delicioso. Ouvi-las cantar, ora uma, ora outra, alegram a doce tarde aonde tudo acontece.
Esquecemos o mundo que nos rodeia, somos três almas que vagueiam na doce tarde, que me faz sentar no verde! Na sombra da minha arvore, contemplo-as, entre risos de criança, apanham flores silvestres. Olham para mim, correm em minha direcção, entre risos mostram-me o que apanharam para que eu as admire, uma delas diz é para ti pai, esta! Enquanto a outra olha para as suas e, escolhe a que lhe parece mais bela, com os olhos mais belos do mundo me entrega a sua.
Trepam por mim como se eu fosse uma arvore, com beijos surpresa dizem o quanto me amam, já exaustas sentam-se na minha sombra e, em mim. A brisa verde traz-nos de presente um perfume, fresco e selvagem, que suaviza o momento, sentada ao nosso lado também ela a paz se refresca.
Seus pequenos dedos apontam para o por do sol, magnifico, lindo de morrer, sem igual… uma obra de arte, em céu aberto, chamas doces e brandas em tons rubros, rasgos de rosa em tons pastel.
Caminhamos de regresso, para trás vai ficando a doce tarde, mas ainda há tempo para brincar nas escadas do aconchego. Perguntas surgem a todo e a qualquer momento, olham para mim como eu fosse a fonte da sabedoria! Quando não sei, digo-lhes que também não sei!
Sentadas, agarradas em meu corpo, adormecem em mim. Seus olhos meios fechados, abrem-se para mim e se fecham, talvez para sentirem de que tudo não é um sonho apenas, enquanto caminham para o seu sono feliz. Com todo cuidado do mundo em meus braços as levei, para o aconchego de suas camas.
Paralisado por aqueles dois milagres, eu as contemplava. Com um esboço de um sorriso em seus lábios de pétalas rosa, que floreavam suas almas; suspendendo quase a respiração e um cuidado nunca visto, as beijei, suas faces rubras meus lábios sentiram o doce paladar de suas almas, em minha boca ficaram.
Minhas mãos sentiram seus cabelos selvagens e inocentes. Meu olhar encharcado, ficou um pouco mais, a contemplar aqueles dois pequenos milagres! Depois de uma doce tarde, de primavera.

CARLOS FERRER
12/6/08
FILHOS DO VENTO

A poesia está na rua, nos montes, vales e rios!
Nós filhos do vento somos poesia. Filhos do mundo em peregrinação, em toda a nossa existência. O sangue nómada que nos corre nas veias, em estradas e caminhos soam as nossas canções.
Sonhos nos alimentam a alma, em lutas destemidas perdem-se no tempo. Condenados pelo homem, iluminados por deus.
Parece já não pesar tanto, de tanto carregar a descriminação, indiferença, de séculos em séculos. Em batalhas cansadas, aqui estamos!
Graças á nossa natureza, de almas simples e temperadas pelas mãos de deus.
Na noite sem fantasmas, alegria se mistura com vento cristal, alegre e doce. Enlaces de ternura, a lua companheira os ilumina. Pensamentos que o luar mostra.
A chama de uma fogueira cheia de histórias, de tons rubros, nos inspira a beber água das nascentes vivas e secretas.
Abraçamos a noite! O som de uma viola nos inspira em soleares, tangos, seguerilhas… vozes de peito de peito aberto que a brisa escura leva e, encanta a noite serena e limpa.
Nos campos cobertos de flores silvestres são a nossa casa, o nosso aconchego, que sabe a ramos verdes e, o aroma da terra nos entra pela manha. Nosso jardim não tem começo, nem distancia, nasce em nós e se estende aonde quer haja natureza, simples e selvagem, como nossas almas.
Assim como a natureza, renascemos do nada, anónimos e o orgulho de sermos. Suas baladas correm junto com o vento, se a poesia está nas ruas, montes, vales e rios… nós filhos do vento, somos poema e música.

CARLOS FERRER
10/6/08 Coimbra

Os meus Poemas

Hoje nasce mais um dia, sem sol, mas há um pouco de sol na minha alma, que me leva a sorrir pelo caminho.
Caminho que é o meu palco, canto, sonhos, que eu sei que são sonhos, mas vivos na sua totalidade, minha mente explode de vida. A minha magia é contagiosa, acenos de simpatia chovem por todo o lado, sorrisos transparentes como o rir de uma criança, que faz o dia avançar com paladar.
Aí meus poemas que pena tenho deles, se calhar estão confinados a ficarem numa gaveta, para depois um dia uma mulher-a-dias os deitar fora e, sua última morada ser o caixote do lixo?
Não, não, são o meu tesouro,! A minha herança, serão para eles (meus filhos) sentirem o quanto os amei, a minha paixões, angustias, o meu penar e, momentos de amor eterno, eu era a estrela que descia até eles… pai!!! Olha, olha, o pai, pai… momentos que nos fazem amar mais e mais e onde os bens não têm lugar.
Que pena tenho eu dos meus poemas, hoje alguém lhes deu vida ao clama-los, com chama, amor, com doce melancolia, de voz baixa e doce, saboreava cada palavra, cada virgula, com gestos subtis e de elegância para com as palavras, galopando pelas linhas dos meus poemas esquecido do tempo.
Não, não ficaram esquecidos numa gaveta, alguém os fez voar numa sala cheia de paz!
Carlos Ferrer 13/6/08

Eterna Beleza

Hoje a chuva caí intensamente, só e cheio de incertezas mais pareço uma criança assustada.
Pela minha janela olho a chuva que teima em não parar, nem eu quero que ela pare, faz parte da beleza do dia. Chuva que se esmaga na minha janela, desliza sobre os vidros como lágrimas, olho-as como se fossem minhas. A melancolia caí sobre mim o que me assenta perfeitamente.
A nostalgia toma-me de assalto, um regresso ao passado invade-me a mente, momentos, lugares, a natureza da minha infância em campos abertos cobertos de alfazema, seu perfume chega até mim, o sândalo das arvores por donde eu trepava… o que me aconchega e serena, meus olhos brilham como antes quando criança.
Uma música no meu pensamento, que eu não escolhi mas que me agrada, ouço-a com atenção e prazer! Meu olhar contempla a paisagem desolada e bela!
A brisa forte vai despindo as árvores já quase nuas, passam no meu olhar as suas folhas num bailado suave e acrobático, acabando a sua dança na terra molhada, formando tapetes de cor pastel, o que enaltece o meu olhar, repleto de doce e mistério, Espaços de silêncio que tudo me diz.
Bêbado de poesia, numa tarde de eterna beleza.

Carlos Ferrer
10/5/08

É acreditando e desacreditando que vou
Tendo a esperança, é ela que nunca me deixa completamente às escuras.
Há sempre uma Luz por mais pequena que seja.
Essa força que está dentro de nós, por mais pequena que seja, ela existe, e cada dia que passa é uma Dor, aonde não há nada que me faça acalmar, como um dia que começa melancólico, que é o estado da minha alma.
Mesmo recordando algo Bom, traz-me sempre dor. Há nessas recordações lugares, tempos, cheiros, pessoas, em que eu sinto saudades ou desprezo.
Há sempre um “ai” profundo, vindo de dentro da minha alma, desassossegada, que só sossega quando alcançar o que entra diariamente na minha mente.
Quase não existo, e tudo à minha volta me faz lembrar que não existo.
Voltarei a sentir quando sentir as suas mãos nas minhas.
Voltarei a sorrir quando seus sorrisos verdadeiros e crus rirem sem razão, que me contagiará e me fará sorrir com olhos de água.
Voltarei a adormecer quando eles fecharem os seus olhos em mim, no aconchego do meu colo, como um dia de chuva, aonde as gotas, descem pelo vidro da minha janela, serão pura poesia para os meus olhos, a poesia que está em mim.

Carlos Ferrer
10 de Abril de 2007

Esta Manhã

Esta Manhã
Pela minha inocência e lealdade por vezes a minha pessoa seja gozada, finjo que de nada sei para proteger quem amo, farei as vezes que forem precisas, pois o amor a cima esta.
Ao acordar a luz do dia me trás a verdade nua e crua ela nos entra na alma sem desvios, uma evasão de verdade nada que eu já não soubesse!
Mas esta manhã é outra manhã, irá dignificar-me deixar de ser uma peça de jogo, para ser o homem, o pai e a criança.
Carlos Ferrer
19/2/08

O Caminho

O Caminho
Cada dia é como se atravessa-se um deserto, caminho com a certeza de lá chegar, o caminho será a minha cruz, a cruz que terei de levar.
Com paixão e padecimento lá chegarei! Se há história, ela está no caminho. A chegada é apenas o fim dela.
Carlos Ferrer
19/2/08

Ser Poeta

Não sou perfeito, nem queria sê-lo.
Quero apenas se humano, com as suas fraquezas e bens.
O que eu faço com a escrita é como se pintasse um quadro abstracto, é o que eu sinto.
Ser poeta é fugir à lógica, poesia com lógica não será poesia seguramente, é ser selvagem como um ribeiro, calmo e sereno e subitamente com turbulência que se ouve o som natural da água na sua peregrinação, é ser tudo, sol, chuva, sorrir, chorar, um mundo de emoções que vivemos literalmente como se lá estivéssemos no alto de uma montanha, vestimos a pele de um mendigo, somos Tudo e Nada somos.
Saboreamos as palavras, brincamos com elas, tudo sabemos para no fim dizermos que sofremos como os outros. Há uma dose de Humildade que me faz sentir orgulho, além de ser uma qualidade, faz com que nos sintamos mais Humanos e nada queremos com a violência, no entanto somos revolucionários, sentimos e olhamos de uma maneira que não é comum, por isso talvez sofremos com mais profundidade do que os demais. Olhamos com os olhos de ver e sentimos até ao fundo da nossa alma.
Como quem não vê não sente, longe da vista longe do coração, mas para mim tudo vejo, não há longe nem distancia, estou a onde me leva o pensamento que tudo percorre.
Ser poeta é ser livre, é ser criança, chorarmos por quem não conhecemos, ama-mos quem nunca vimos.
Tenho que sentir o que escrevo e ao sentir sou capaz de sorrir, deixar cair uma lágrima, ser poeta é ser tudo e nada ser.

Carlos Ferrer 12 de Dezembro de 07

Minha menina

Menina serena, rebelde, sua idade e ar de menina esconde a mulher que há em si.
Seu rosto exótico com um olhar profundo lhe dá um ar de mistério, não é só mais uma cara a mais!
Momentos, estados de espírito que há dentro dela revela a mulher doce e rebelde que há nela. Aquela mulher que está escondida, pois ainda é uma adolescente, mas em momentos especiais, situações, mostram um pouco da mulher que se esconde, sua mentalidade amadurecida, deixa escapar já um pouco da mulher que há-de vir a ser.
Emerge outro ser mais profundo, mais mulher, deixa por alguns instantes o lado de menina que é e se refugia na mulher que há em si.
Vai ao mais fundo do seu ser, que lhe dá aquele ar exótico, misterioso, que faz parte da sua beleza.
Que a vaidade não ultrapasse a humildade, se assim acontecer deixarás de ter a tua magia, não passarás de uma coisa fútil, como tantas outras.
Não deixes fugir a tua magia que cresce junto com a tua alma. Ela esta no teu andar, dás graça ao caminho em que pisas, vieste para encantar. Não serás tu o próprio encanto?
Ao pé de ti não há tempo é bom esperar, olhar e sorrir, apenas queremos que os momentos não passem, mas passa no tempo, em nós ficam eternamente guardados.

Carlos Ferrer
7 de Fevereiro de 2008

Dança pela Tolerância

Quando soube que iria haver uma festa, para a qual também fui convidado, para mim era mais uma com crianças e adolescentes e não fazia ideia de como iria ser.
Em todas as festas e eventos que já participei, esta superou todas as minhas expectativas, a começar pela forma como foi organizada, os meus parabéns.
Ao chegar ao local, ou seja, à Escola Alice Gouveia, para minha surpresa, um pouco depois de entrar para lá das portas, para espanto dos meus olhos estava o Sr. Presidente da Câmara, o Sr. Vereador Gouveia Monteiro e o Sr. Director da Escola, foram cordialmente simpáticos e deram a sua atenção que qualquer ser Humano merece, para comigo e outros.
Começou aí as surpresas… um mar de gente de todas as etnias, credos e cor, que me fez lembrar um campo aberto na primavera cheio de flores, cada uma com o seu feitio.
Desde o negro ao branco, do cigano as outras etnias que dava uma cor exótica no local, não havia divisões. Ver todo aquele colorido de gente talvez fosse uma das visões mais bonitas que tenha visto na minha vida! Vagueavam por todo o lado.
Um som de uma guitarra ouvia-se nos corredores e logo a dois passos uns jovens de cor riam e dançavam, enquanto outros ensaiavam, qualquer espaço servia, nos corredores, nos cantos, até numa das casas serviu por momentos para afinar os últimos toques. Ninguém queria fazer má figura. Os seus rostos transbordavam de alegria e satisfação desde o mais pequeno ser aos adolescentes e adultos… um festival de cor e caras exóticas, todos eles brilhavam, não havia receio de mostrar as suas emoções, respirava-se alegria em todos os tons.
Conflitos ou maus momentos não!
Não tinham receio de mostrar o que sentiam, de onde vinham, as suas origens, a sua cor, pelo contrário, tinham o prazer de ser como eram e respirava-se alegria em todos os tons. Ali estava a verdadeira democracia colorida.
Entrei na sala da dança cigana onde estava também o Sr. Vereador Gouveia Monteiro, notei numa menina de cor com 7/8 anos que estava sentada enquanto se dançava. Dirigi-me a ela, tentei que ela fosse dançar e por fim lá foi. Era a sua primeira vez que dançava flamengo, quem a visse não diria, tinha um filing e uma graça natural, vestia uma camisola branca, tão branca que cegava, com suas tranças.
Já pelo fim todos mostravam o que tinham aprendido naquele dia.
Quando aquele pequeno anjo entrou para o meio da roda ouviu-se o maior aplauso do dia e o maior apoio, pôs toda a gente a dançar, certamente não vai esquecer aquele momento, eu também não o esquecerei.
Num ambiente onde a tolerância era rainha, imperou e reinou até ao fim, ali era um mundo a parte, um verdadeiro conto de fadas só que neste não havia os maus, todos eram estrelas.
Parabéns para quem fez e organizou esta Dança, para que fosse possível este conto de fadas.

Carlos Ferrer
25 de Novembro de 2007

Politicamente Insano

Quando há uns tempos atrás no telejornal, salvo erro na TVI, falavam alguns políticos a dar opinião e os seus pontos de vista, como o Dr. Marcelo Rebelo e outros, um politico do PSD, que agora não me recordo do seu nome, num comentário sobre a actualidade afirmou, num horário nobre, com toda a convicção e seriedade de que era “politicamente incorrecto comer croassans”!!! E porquê?
Porque o desenho do croassan tinha uma forma Árabe ou foram os Árabes que trouxeram essa forma para Portugal, e deu vários exemplos onde essa forma ou desenho estava representado. Portanto, fez questão que os Portugueses fizessem um boicote a essa saborosa comida, por tantos apreciada, só porque “tinha a forma de meia-lua e que vinha do Árabe”, “e era politicamente incorrecto os que Portugueses o adquirissem”, palavras dele.
Pergunto se essa personagem importante da política Portuguesa, não seria um suicídio dirigir o destino do país? Espero que não!
Talvez não fosse melhor leva-lo a uma junta psiquiátrica e dar-lhe a reforma por insanidade?
Já se lembraram a quantidade de coisas importantes como monumentos Árabes que estão em Portugal, como o próprio bairro da Moraria e por ai a fora…
Um bom pedaço de Portugal saia do mapa se esse Homem chegasse aos comandos do país.
Só mais uma coisa, já me lembro do nome: nada mais nada menos que o Pacheco Pereira.

Carlos Ferrer

Xenofobia

Como sempre de manhã de sexta-feira da parte da manhã trabalho para a Câmara de Coimbra na repartição de habitação, sendo assim eu e uma colega de trabalho saímos para fazer um inquérito nos bairros do ingote e outros bairros circundantes.
Nessa manhã pelas 10:30 horas, a minha colega tocou numa campainha de um apartamento de uma senhora que mora precisamente em frente do apartamento de minha mãe para alem disso já me conhece há mais de vinte anos também conhecendo a minha família. Eu estou a dar estes pormenores para que o leitor tenha noção do acontecimento.
Voltando ao trabalho que estávamos a fazer, depois de tocada a campainha abriu-se uma porta e surgiu uma senhora, então a minha colega chegando-se mais para a frente disse á dita senhora o que era pretendido, mas quando a colega no inicio se chegou para a frente e assim conversar melhor eu fiquei um pouco mais atrás e assim fiquei coberto pela minha colega e a dita senhora não me viu, mas assim que me avistou sem sequer dizer uma única palavra refugiou-se em casa batendo a porta com violência, eu e a colega julgamos que a porta se tivesse fechado por acidente, pelo vento ou coisa do género então batemos novamente, e batemos até nos apercebemos de que ela o fez de preposito, disse-me a colega a senhora assustou-se contigo, mas não o que a senhora é ser racista, não lhe entra na sua mente xenófoba de um cigano estar a trabalhar e ainda por cima na câmara.
A senhora mesmo em locais públicos tem o mesmo procedimento, seja no autocarro, na pastelaria, mesmo na via publica, aonde é capaz de mudar de direcção ou mudar de passeio, no autocarro não se acomoda aonde estão pessoas que não seja da sua (cor). Não me surpreendeu a sua atitude quando eu trabalhava nessa manhã. Já não basta a dificuldade da minha etnia em arranjar trabalho, mas se o conseguirmos muitas pessoas não vêem com bons olhos a nossa inclusão no trabalho, se não trabalhamos somos uns malandros se temos trabalho então dizem(já viram foram meter um cigano na câmara, a lidar com crianças!!!. Se racismo é crime então há muito que fazer em Portugal e se necessário punir quem cometa o crime de xenofobia ou racismo espero que as mentalidades mudem para que todas as culturas vivam em paz e harmonia
Carlos Ferrer
14/3/08.

Paixão Eterna

Cheio de penas eu me deito, e é com mais penas que me levanto, de manhã começa o meu dia. É com tristeza que olho em redor do meu quarto e nada vejo, minha alma chama por eles apenas o silencio e o silencio nada me diz, não pode haver alegria quando o meu sol, a minha manha, está longe.
Meus dias nunca serão dias como o sol, e o sol foi atrás deles e tudo que nos dá prazer de viver, quando há recordações fecho os meus olhar e uma brisa me alivia, não sei se me hei-de lembrar deles, se me lembro me faz doer, se não me recordo falta-me o ar que me dá vida.
Espero um milagre? Não, não tenho tempo para esperar, já me basta a esperança de ter que espera-la, essa a levarei comigo quando os meus olhos se fecharem para sempre.
Paixão para mim é uma doença da alma, dói, dói e não sabemos onde, sentimos um aperto na alma uma sensação de sufoco e a cura não está ao alcance da medicina, mas por ironia sabemos a onde se encontra a cura, só que por vezes não está ao nosso alcance, é dento de nó que se encontra tudo, é lá que devemos procurar.
Os meus sonhos não são ter bens materiais, ouro, prata, carros…apenas tê-los em mim, embebedar-me deles saber que á manhã não haverá despedidas, tristeza, pranto, saudade, tudo isso pertence ao passado, este é o meu euro milhões o meu sonho, quase que sufoco quando estou algum tempo sem lhes tocar sentir o seus cheiros é preciso abastecer-me deles em vez em quando como ar precisasse para sobreviver, por sua causa me mantenho pronto para a luta e me fazem alcançar objectivos.
Tenho pena de mim mesmo ao sentir que a minha vida não é vida, mas tenho esperança, aonde me agarro com fé, é o meu sangue, o meu caminho, velos tristes parte-me o coração. Olho o meu rosto no espelho e em vez de um rosto vejo solidão e desespero, deambulando pela sala finto seus retratos que estão religiosamente na parede da sala, junto com algumas fotos, poemas, pensamentos meus, e um testamento que não é mais do que os meus escritos todos sejam para o nome que lá está, embora sejam de todos eles(meus filhos).
Directamente ou indirectamente eles estão na minha escrita, poderá não ter valor para desconhecidos mas para eles certamente que irão conhecer saber em profundidade o quanto os amei, as minhas saudades, o meu sofrimento, pelas suas ausençias, e por isso comecei a escrever, ou como clamo num poema,(por vós me fiz poeta).
Queria por vezes ser insano, talvez não sofresse tanto, talvez um dia quem o saberá? Elas passam o dia dizendo a quem conhecem ou não conhecendo não importa quem seja( este é o meu pai, vamos dormir com ele ) velas dizer estas palavras com um orgulho do tamanho do mundo que eu cresço como ser, a minha auto-estima igualmente. Sei que não vou precisar de me matar que desçam gotas de agua de seus olhos, não vos perguntaram com que queriam ficar, formam levados sem saber porquê e para onde, vossas palavras, sentimentos nada pesam na lei dos homens, muito menos o vosso amo, se assim fosse estariam em mim. O vosso espírito, suas almas estão comigo, como o meu ser está em vós.
Se houver um dia em que não me entrem no coração, será certamente porque ele parou.
Carlos Ferrer
4/3/08

Sorte

Sorte que me foges como areia entre os dedos, e assim sucessivamente.
Será esta minha sorte na minha curta existência uma mão cheia de nada?! Qual será o dia em que minhas mão encontrarão algo que eu possa construir, moldar com criatividade ao ritmo da minha esperança, aonde cada dia surgirá uma esperança, mil visões surgirão até ao final.
Final que eu mesmo não o sei, irá sendo ao sabor da inspiração vinda do fundo da alma, do meu subconsciente, por isso nunca saberei o fim, apenas sei que surgirá algo diferente e invulgar para além da beleza que toda a arte tem.
Quando expor para quem quiser ver, admirar, ou criticar, o que não me interessa muito, o que realmente me interessa é que está ali pronta, será seguramente polémica como toda a boa arte, quando é algo diferente e inovador.
Será que estava escondido de mim próprio?! Até este momento! Será talvez a reposta que eu procuro em mim e no que me rodeia, em desorientação me meto por labirintos sem medo e assim cheguei a um sentido, só serei livre quando tiver orgulho de mim, então aí voarei alto como uma ave.

Carlos Ferrer
24/02/2008

Silêncio da noite

Esqueço-me que existo por pensar Nela, por vezes não queria estar com ela, para não a deixar depois.
A tua alma é grande para o teu pequeno corpo, e eu que vejo a tristeza dorida nos teus olhos, meus lábios secos pedem água para o alívio.
Vem a noite silenciosa, se a noite é escura assim também a minha alma. Sou uma criança perdida na imensa escuridão da noite, aonde acabo por adormecer só depois de procurar não sei bem o quê.
A noite faz-nos cair na realidade e há dor, raiva, compaixão… que acaba sempre da mesma forma… Só…
Desejar que adormeça…
Ai quando me beijas! Quando me beijas a tua boca sabe a mar, sabe a luar, quando a sinto, tua boca tocar nela é sentir amor e não pensar em nada…

Carlos Ferrer
14/11/2007